O terror noturno nada mais é do que um distúrbio do sono, causa que ocorre bastante com crianças na faixa etária de 2 a 5 anos, podendo também acontecer com adultos. Nesta situação, geralmente, a pessoa tem episódios de pânico durante as primeiras horas de sono com possibilidade de abrir os olhos, gritar, correr e chorar enquanto está dormindo e, ainda, não se lembrar de nada no dia seguinte. Apesar da causa ser um enigma, alguns fatores que afetam a qualidade do sono como insônia, síndrome das pernas inquietas, apneia obstrutiva, sonambulismo e narcolepsia podem favorecer o distúrbio.

Em pessoas adultas os sintomas são os mesmos de uma criança com terror noturno, no entanto, eles podem ser mais agressivos e se lembrar de flashes da noite anterior, embora não seja muito comum. Além disso, a frequência deste distúrbio pode ser semanalmente ou se manifestarem a cada 10 ou 15 dias. Nos casos mais sérios, as crises noturnas acontecem diversas vezes na mesma noite. A recorrência irá variar de acordo com a severidade dos demais sintomas.

Sintomas


Entre os diversos sintomas que a criança ou adulto pode sentir, estão:


Medo incontrolável;

Sensação de perigo, como se estivessem diante de algo ameaçador;

Coração acelerado;

Tremores pelo corpo;

Sudorese;

Confusão ao acordar;

Falta de ar;

Olhar fixo e vidrado;

Agressividade, como forma de se defender do perigo.

Além da possibilidade de se levantar e correr pela casa, a criança ou o adulto pode se sentar na cama. Caso a pessoa não esteja em um ambiente controlado, podem sair da residência e se colocarem em uma situação de perigo real. Para reduzir as chances de se machucar, os pais ou demais moradores da casa devem manter a residência segura.

Quem tem terror noturno pode se debater, dar socos ou chutar ao tentar ser ajudado. Isso porque, o indivíduo acredita estar correndo perigo no momento do terror, ele provavelmente tentará lutar contra quem se aproximar na tentativa de acabar com a ameaça. Além disso, após acordar a sensação de medo pode continuar e a pessoa pode demorar a reconhecer os familiares e o ambiente em que se encontra.

Causas


Como foi dito acima, o terror noturno ainda é um enigma e não há uma causa exata, porém, especialistas acreditam que a condição esteja relacionada a perturbações no sistema nervoso central. A ansiedade, o transtorno de bipolaridade e a depressão também podem desencadear o terror noturno.


A consultora do sono, Renata Federighi, diz que: "As causas ainda não são conhecidas, mas podem estar relacionadas a um estímulo grande do sistema nervoso central durante o sono, que aconteceria porque as suas células ainda não estão maduras, por isso as crises tendem a desaparecer por completo conforme o desenvolvimento da criança".

Existem algumas situações que podem desencadear a crise, como privação do sono, cansaço extremo, febre, presença de luzes e barulhos ou distúrbios respiratórios (como a apneia obstrutiva do sono). Outros dois distúrbios, que estão na mesma classificação do terror noturno e demandam os mesmos cuidados, são o sonambulismo e o despertar confusional. Todos acontecem na fase inicial do sono.

Se a criança estiver passando por uma situação estressante, seja na escola ou em casa, ela também pode ter episódios de pânico durante a noite. A ocorrência é mais comum quando o estresse é prolongado. Outra possível causa é a genética, crianças com pais que apresentaram ou apresentam o distúrbio, além de outras perturbações do sono são mais suscetíveis ao terror noturno.

Pesadelo ou terror noturno


Deborah Moss, neuropsicóloga e especialista em comportamento e desenvolvimento infantil, explica que ter um sonho ruim é normal tanto para crianças quanto para adultos. "Principalmente com as crianças, o pesadelo pode ter relação com coisas que elas viveram e ficaram impressionadas ou assustadas", esclarece. Em resumo, o que a gente vive de dia é guardado no cérebro durante a noite. As crianças que vão muito exaustas para cama, ou que não tiraram a soneca da tarde, também podem ter pesadelos, já que agitação demais durante o dia pode ser um fator desencadeante.

A neuropsicóloga ainda ressalta que as crianças pequenas não sabem diferenciar o que foi um pesadelo do que aconteceu de verdade. Se seu filho assistiu um desenho que tem uma bruxa e vai dormir com aquilo na cabeça, ele pode ter um pesadelo relacionado. No entanto, não é uma relação de causa e efeito. Não necessariamente um medo vai fazer com que um sonho ruim aconteça.

Diagnóstico do terror noturno


No caso das crianças, geralmente, o diagnóstico costuma vir a partir da percepção dos seus responsáveis quando notam os sintomas do distúrbio. Já os especialistas que podem ser consultados para fazê-lo são: clínico geral, pediatra, psiquiatra e psicólogo. Para facilitar o diagnóstico, os pais podem preparar uma lista de sintomas e relacioná-los com períodos de manifestação.

Tratamentos possíveis


Embora seja um distúrbio que incomoda as pessoas que têm, não há um tratamento eficiente para isso. O terror noturno tende a desaparecer conforme os anos vão passando e a criança vai se desenvolvendo. Se os episódios forem muito comuns ou bem intensos, medicamentos podem ajudar a pessoa a dormir, no entanto, esses fármacos devem ser prescritos por um médico.

Caso os episódios de terror noturno estejam conectados a outras condições de saúde, como transtornos mentais, o tratamento será voltado para elas. Perturbações no sono, principalmente a insônia, naturalmente ocorrem em virtude de transtornos e podem se intensificar caso a condição não seja tratada.

Para os dois casos, especialmente para os adultos, a psicoterapia é um tratamento válido. As crianças se beneficiam com a psicoterapia infantil, ou a ludoterapia, enquanto os mais velhos podem optar pela terapia individual. A terapia familiar também pode ajudar em ambos os casos já que o distúrbio tende a afetar todos os membros da família.

O profissional da psicologia analisará os elementos estressores causadores das perturbações do sono e tratará os sintomas da ansiedade, depressão e pânico, entre outros transtornos. Dessa forma, as crises diminuirão com o passar do tempo até deixarem de existir.

Como ajudar?


Acordar a criança ou adulto que está passando por uma crise noturna pode deixa-lo ainda mais assustado e piorar a situação. Assim, da mesma maneira que é feito no sonambulismo, é preciso deixar a pessoa vivenciar o episódio de terror sem acordá-la.


Nessa situação, a melhor opção é deixar o ambiente seguro para evitar ferimentos e acidentes graves, sendo recomendado:

Trancar os objetos cortantes em um local seguro;

Fechar as janelas e as portas durante a noite;

Instalar alarmes nas portas para que os pais possam monitorar a movimentação da criança na casa;

Deixar uma babá eletrônica no quarto para ouvir a pessoa acordar;


Bloquear as passagens para escada ou varanda;

Guardar quaisquer objetos que possam fazê-la tropeçar.


O terror noturno pode durar entre 30 segundos e cinco minutos. Durante esse período, é necessário ficar próximo e observar o comportamento da pessoa. Após os momentos de pânico, ela provavelmente voltará a dormir quase que imediatamente.

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Fonte: Vittude e Pais & Filhos

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