A reestruturação cognitiva é uma técnica que faz parte de uma abordagem da psicologia chamada terapia cognitivo-comportamental (TCC). Esse processo terapêutico utiliza técnicas e metodologias capazes de fazer com que o terapeuta e o paciente trabalhem juntos para transformar e ressignificar pensamentos disfuncionais que causam sofrimento. A ideia é pegar pensamentos disfuncionais do cliente e transformá-los em crenças funcionais, adaptativas e realistas.

Dessa maneira a reestruturação cognitiva ensina as pessoas a substituírem aqueles pensamentos desadaptativos por outros que as ajudem a não sofrer tanto. Portanto, ela é uma das técnicas da terapia cognitivo-comportamental mais sugestivas dentro do repertório de um psicólogo. Isso porque se mudarmos determinados pensamentos, mudaremos as emoções associadas a eles, o que vai fazer com que nos sintamos melhor.

Além disso, com as técnicas utilizadas, o paciente consegue ressignificar os seus pensamentos e esquemas, construindo crenças saudáveis e alinhadas com a realidade da situação. Consequentemente, ele se torna capaz de mudar a sua perspectiva de vida e reformular a maneira que interpreta novas experiências.

Bases teóricas da reestruturação cognitiva


A reestruturação cognitiva se baseia em algumas suposições teóricas, como:


O modo como as pessoas estruturam as suas experiências de maneira cognitiva exerce uma influência fundamental em como elas se sentem e agem, assim como nas reações físicas que elas possuem. De maneira mais simples, nossa reação diante de um acontecimento determinado depende, principalmente, de como nós enxergamos, atendemos, avaliamos e interpretamos este acontecimento.

Um exemplo desta explicação é quando duas pessoas marcam um encontro mesmo se conhecendo a pouco tempo. Apesar de ser uma pessoa querida, já se passou meia hora do horário marcado desse encontro e ela ainda não apareceu. Nesse sentido, se a interpretação da pessoa que está na espera for de que o atraso foi por falta de interesse, ela pode ficar triste e não voltar a ter contato com essa outra pessoa.

No entanto, se o pensamento for de a demora se deve a um imprevisto ou uma confusão momentânea, nossa reação emocional e comportamental será muito diferente. O afeto, o comportamento e as reações físicas influenciam uns aos outros e contribuem para manter os pensamentos.

Sendo assim, é possível identificar os pensamentos das pessoas através de métodos como a entrevista, os questionários e os diários. Muitos destes pensamentos são conscientes e outros são pré-conscientes, mas a pessoa é capaz de acessá-los.

Isso significa que dá para modificar os pensamentos das pessoas. Isso pode ser utilizado para conseguir mudanças terapêuticas.

Modelo de reestruturação cognitiva


O processo terapêutico de reestruturação cognitiva conta com um modelo que auxilia o trabalho dos psicólogos e, consequentemente, garante um avanço satisfatório na transformação dos pacientes. Ele é chamado de modelo A-B-C.


Letra A - as cognições precederão as emoções. Isso quer dizer que o pensamento apresenta um papel muito importante na explicação não só do comportamento do paciente, como também das suas alterações emocionais relacionadas a algum acontecimento. Por isso, a letra A representa a situação-gatilho que gerou o pensamento disfuncional. Por exemplo, ser criticado por uma pessoa muito especial ou ser reprovado em uma prova.

Letra B - representa a própria cognição, ou seja, os pensamentos que o paciente atribuiu à situação vivenciada, ou seja, a letra A. Nesse sentido, ela pode ser o pensamento que ele teve no momento do acontecimento, a interpretação e percepção da vivência, ou mesmo, a memória de uma experiência passada.


As suposições e crenças que uma pessoa possui favorece a ocorrência de certos erros no processamento da informação. Entre estes erros ou falhas, encontramos a sobregeneralização, a filtragem, o pensamento dicotômico, a catastrofização, entre outros.

Letra C - representa as consequências emocionais, físicas e comportamentais da cognição. Geralmente aparece de forma automática, como a sensação de parar diante de uma situação que causa angústia e medo. Ou então, sentir medo, tremer e sair correndo ao interpretar de maneira ameaçadora a aparição de um cachorro que se aproxima latindo. É a partir da percepção dessas consequências que o paciente procura auxílio psicológico.

Como esse modelo funciona na prática?


Essas estratégias são divididas em três momentos que não acontecem de forma separada: a identificação, a contestação e a modificação. É preciso ter em mente que os esquemas consolidados na nossa estrutura psíquica surgiram a partir de uma série de experiências que tivemos no nosso desenvolvimento.

Isso significa que não tem como realizar a modificação de uma hora para outra e, além disso, o paciente pode caminhar entre os diferentes momentos até associar e integrar sua própria transformação. Desse modo, existe a possibilidade de trabalhar com um cliente que passa pela identificação e contestação para depois voltar à fase inicial e migrar até a modificação.

Identificação

Não tem como realizar a transformação sem conhecer o real problema. Diversos pacientes acreditam que as situações são as responsáveis pelo alto sofrimento vivido. Mas, apesar dos acontecimentos terem a capacidade de desestabilizar emocionalmente um indivíduo, é a interpretação e a percepção que temos deles que provoca o impacto negativo na saúde mental.

Por essa razão, o primeiro passo para iniciar o processo da reestruturação cognitiva é identificar quais são os pensamentos distorcidos que o paciente tem, o auxiliando a aumentar a consciência sobre sua própria cognição. Isso pode ser feito por meio de técnicas de exposição e até relaxamento.

Contestação


Após o paciente reconhecer e estar familiarizado com as suas distorções cognitivas, é preciso intervir de forma mais específica. Nesse momento, o terapeuta aparece como uma figura contestadora, ou seja, faz diversas perguntas para que o cliente assuma uma postura reflexiva sobre a sua vida.

Aos poucos, o profissional da psicologia consegue planejar experiências comportamentais que levam o paciente a avaliar seus pensamentos disfuncionais. Isso torna possível a testagem de diversas crenças, analisando se ela está coerente com a realidade e a situação vivida.

Modificação


A última etapa do processo terapêutico é a modificação das crenças limitantes. É a partir daí que os pacientes desenvolvem uma conclusão sobre a real utilidade dos pensamentos disfuncionais e tem a oportunidade de escolher a continuação do seu uso ou a sua transformação e ressignificação para crenças saudáveis.

Vale ressaltar que, o trabalho do psicólogo não é impor a modificação dessas crenças, mas, oferecer um espaço de escolha seguro para que o próprio paciente, com suas ferramentas psíquicas fortalecidas, realize a escolha que mais potencializará sua qualidade de vida, de forma consciente e realista.

A importância da reestruturação cognitiva


A terapia cognitivo-comportamental e a reestruturação cognitiva ensinam várias maneiras de ver, vivenciar e interpretar uma situação, apresentando ao cliente a possibilidade de escolha que talvez ele nunca tivesse percebido. Isso garante uma grande autonomia para o paciente, que retoma a sensação de controle e consegue reduzir sintomas como ansiedade e nervosismo.

Por ser um processo terapêutico mais dinâmico, o cliente desenvolve diversas habilidades que podem ser utilizadas depois das sessões ou, até mesmo, quando o atendimento na clínica não for mais necessário. Consequentemente, sua inteligência emocional é fortalecida e ele terá recursos psicológicos suficientes para lidar com as situações desafiadoras da sua realidade.

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Fonte: A mente é maravilhosa e Cognitivo

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