A psicopatia é um transtorno no desenvolvimento, não é algo que aparece do nada na idade adulta. Até a confirmação de que o indivíduo possui de fato a psicopatia, seu comportamento caracterizado pelo padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros se inicia na infância ou começo da adolescência e continua na fase adulta. Ou seja, todos os adultos psicologia.com.br/frcontrol/publicacoes-posts/view/1716/1/" target="_blank">psicopatas mostraram traços característicos durante sua infância e adolescência, e podem ser detectados a partir de idades bem precoces.

Crianças podem ser psicopatas?


Uma pesquisa relacionada ao tema publicada no National Institutes of Health (NCBI) afirma que os primeiros sinais de psicopatia são descobertos em crianças de somente 2 anos, entre eles a falta de empatia. Os sentimentos de culpa e emoções superficiais e a frieza são somente alguns deles. Mas, para Celso Arango, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Psiquiatria (SEP) e chefe do serviço psiquiátrico do Hospital Gregorio Marañón de Madri, os principais fatores de risco são a personalidade e o temperamento, e a pessoa nasce com esse último traço, de modo que a genética é primordial.

Entretanto, muitos especialistas dizem que crianças não podem ser consideradas psicologia.com.br/frcontrol/publicacoes-posts/view/1716/1/" target="_blank">psicopatas. Por exemplo, a psquiatra Hilda Morana, especialista em psicopatia e psiquiatra forense pela USP, afirma que o cérebro está em formação até os 17 anos. Nesse período, o chamado transtorno de conduta pode ou não evoluir para psicopatia após a chamada poda sináptica, que ocorre dos 17 aos 25 anos.

A poda sináptica é o mecanismo de substituição de sinapses, ponto de comunicação entre dois psicologia/" target="_blank">neurônios
, pouco usadas por novas. "O neurônio nasce com várias possiblidades de conexões e vai escolhendo as conexões que são mais utilizadas. Podemos comparar com um jardim. Você começa a caminhar no jardim e, por onde mais anda, para de nascer grama e se forma uma trilha. A poda sináptica é o caminho que o neurônio daquela pessoa acaba escolhendo", explica o psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, especialista em infância e adolescência do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O psiquiatra também ressalta que, embora desde a infância a criança possa apresentar traços de comportamentos psicopáticos, classificados dentro do transtorno de conduta, o diagnóstico de psicopatia só é permitido, por definição, após os 18 anos. "Com o passar do tempo, esses traços podem aumentar ou diminuir, levando ao desaparecimento do transtorno", afirma Ênio. Além disso, o especialista diz que cerca de 5% a 10% das crianças têm transtorno de conduta, mas apenas uma pequena porcentagem irá evoluir para psicopatia.

De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV) - classificação dos transtornos mentais feita pela Associação Americana de Psiquiatria -, a pessoa com o chamado transtorno da personalidade antissocial tem como características principais o engodo e a manipulação e, para receber tal diagnóstico, deve ter pelo menos 18 anos e uma história de transtorno da conduta antes dos 15 anos.

Transtorno de conduta


Antes da pessoa ser diagnosticada com psicopatia, como foi dito acima, apresenta durante as fases da vida até a chegada da vida adulta transtorno de conduta, no qual, há um padrão de comportamento repetitivo e persistente, que consiste na violação dos direitos básicos dos outros, de normas e regras sociais importantes e adequadas à idade. O transtorno de conduta também é caracterizado por comportamentos específicos, tais como: agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade e furto.

Para a psquiatra Hilda Morana, a criança ou o adolescente com transtorno de conduta apresenta comportamentos padrões como ser insensível, falar muita mentira, gostar de atividades perigosas que liberem adrenalina como andar em cima do telhado, além de botar fogo em objetos e judiar de animais. "São muito excitados e não aguentam ficar sentados na sala de aula, por exemplo. Apresentam também uma capacidade fantástica de fazer intriga, são muito convincentes. Não são apenas levados, são cruéis. Podem ter explosão de violência, são muito agressivos", afirma.

Alguns profissionais da psiquiatria dizem que o transtorno de conduta é herdado geneticamente e o ambiente, que inclui educação e outros fatores, irão influenciar o desenvolvimento ou não da psicopatia. "Favorecem o desaparecimento do problema um ambiente onde as regras são claras, há limites, não existe violência e se consegue mostrar que todos os atos trazem consequências. Mas alguns casos, mesmo com uma boa educação, vão continuar com o transtorno", explica o psiquiatra Ênio.

Fase adulta


A chamada psicopatia ou transtorno da personalidade antissocial são diagnosticados, portanto, na idade adulta. O padrão de comportamento é caracterizado pelo não conformismo com normas legais e sociais e por atos repetidos que podem ser motivo de detenção, tais como destruir propriedade alheia, importunar os outros, roubar ou dedicar-se à contravenção.

Em situações em que o transtorno de psicopatia é mais extremo, essas pessoas podem cometer assassinatos. Os que cometem assassinatos em série ficaram conhecidos como serial killers, com a característica de manter um comportamento padrão com relação aos crimes, uma espécie de modo de operação para realizar o ato criminoso. Esse comportamento pode estar associado ainda a crimes de natureza sexual e à pedofilia.

Outro detalhe é que o diagnóstico do transtorno da personalidade antissocial não é feito quando o comportamento do adulto com tais características está relacionado somente com o uso de drogas, a menos que os sinais dessa patologia tenham estado presentes na infância e continuado na idade adulta. O diagnóstico também deverá excluir outros transtornos da personalidade, que podem apresentar alguma característica semelhante com o comportamento psicopático.

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Fonte: Agência Senado, El País e R7

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