As pessoas que são vítimas do relacionamento abusivo, normalmente, não conseguem perceber que estão nesta situação de forma imediata. Esse tipo de vínculo afetivo é caracterizado como relação de poder em que o indivíduo que se vincula a esse tipo de relação convive e mantém uma suposta afinidade e ao mesmo tempo, vivem uma condição de poder e submissão perante a outra.


No relacionamento abusivo entende-se que seus cônjuges detêm o direito de controle e dominação sobre si mesmas. Alguns psicólogos dizem que em certos casos o abusador insistirá que tal comportamento é considerado "normal". Com isso, o abusador naturaliza a ideia de que subjugar outra pessoa será para o seu próprio "bem".

No entanto, esse convencimento e o fato de naturalizar o relacionamento abusivo pode partir da própria vítima ou até mesmo de seus familiares ou das pessoas que o cercam. Por isso, é importante saber reconhecer um relacionamento abusivo, pois, a violência física não é a única forma de agressão.

De maneira geral, quando a relação é abusiva a vítima se torna uma pessoa isolada, deprimida, assustada e com síndromes de medo e fobia. O abusador nem sempre pode ser somente o homem, pois, não está ligado a somente um gênero, portanto há a possibilidade de ser homem ou mulher. Entretanto, as estatísticas e o índice elevado do machismo existente nas estruturas sociais apontam a mulher como vítima na maior parte dos casos.


Situações de abuso ocorrem quando o (a) abusador (a) se aproveita da fragilidade e vulnerabilidade financeira, física e emocional da outra pessoa. Porém, o abuso não é tão evidente assim, pois, como é algo, às vezes, subjetivo, não necessariamente se sustenta em socos ou gritos. Muitas vezes, simplesmente é colocado em movimento um sistemático processo de desqualificação, manipulação e chantagem. Sendo assim, a vítima de relacionamento abusivo se converte em alguém incapaz de atuar, reagir ou decidir por ela mesma.


Pensamentos e sentimentos da vítima


O medo e a desconfiança


Quando a pessoa percebe a relação de abuso ela começa a desconfiar de si mesma e até da sua própria sanidade, manifestando medo. A incerteza e a preocupação de não ser levada a sério por pessoas mais próximas, é outra razão para a desconfiança.


Em situações em que o (a) parceiro (a) ameaça, a vítima dificilmente irá buscar ajuda ou tentar sair do relacionamento abusivo, o que torna mais difícil seu empoderamento.


Naturalização


O fator cultural tem muita influência no casal. Quando códigos sociais estabelecidos são seguidos, o abuso passa a ser visto como normal, já que o ambiente externo reproduz constantemente essas situações. Essa naturalização acontece por romantizarem comportamentos negativos, como ciúme excessivo e disputa de poder dentro do relacionamento.


Vergonha e medo de ser exposta (o)


O medo da pessoa ser exposta a julgamentos torna mais difícil de revelar para alguém o que acontece na vida privada. Em casais do mesmo gênero a situação é ainda mais complicada devido ao preconceito social. A exposição provoca um alto desconforto psicológico em autorreconhecer e conseguir admitir que se está em um relacionamento abusivo.

Às vezes, esse sentimento só reforça a culpa que a vítima de relacionamento abusivo sente, aumentando ainda mais a dependência e a ligação com o relacionamento abusivo. Essa dependência acontece devido a questões econômicas, dependência emocional como por exemplo, ausência da família ou gravidez, e por razões de doença ou incapacidade. Essas situações deixa a vítima com um sentimento de impotência que tende a aumentar se nada for feito.


Se sentir culpada ou ser culpada pelo (a) abusador (a) é algo comum e uma das maiores razões para manter a vítima cada vez mais ligada a relação. A permanência do relacionamento se dá pela esperança de que um dia possa terminar o abuso mediante uma mudança de seu próprio comportamento. Isso é resultado da destruição da autoestima de quem sofre o abuso. A pessoa se sente responsável pela violência que sofre por ter uma autoestima muito baixa, tornando-a vulnerável.

Como perceber se está em um relacionamento abusivo?


Diversas pessoas podem não perceber o relacionamento abusivo por ver com preconceito e acabar culpando a vítima ou então por romantizar situações que se encaixam em abuso como ciúmes em excesso, não dividir tarefas domésticas, o controle sobre a forma que o outro se veste, dentre outros fatores. Tudo isso prejudica o reconhecimento desse tipo de relacionamento.


Entre os sinais mais comuns para reconhecer o comportamento de uma pessoa agressora, estão: reações violentas de ciúme, chantagens emocionais, manipulação psicológica, amarras, possessividade e controle, comportamento agressivo, violência sexual, desvalorização, desrespeito com outras pessoas, jogos de poder e, evidentemente, casos de agressões físicas.

Sinais de que a pessoa está vivendo um relacionamento abusivo


Medo


O medo pode ser fácil de identificar porque pode estar evidente nos momentos em que a pessoa demonstra estar tensa na presença do (a) companheiro (a). Já em outros casos o medo pode se manifestar de forma mais leve como o fato de "satisfazer" os excessos em agradar a outra pessoa.


Controle e Culpa


O abusador ou abusadora costuma manter uma relação de controle com a outra pessoa, obrigando a vítima a dar satisfações sobre tudo o que acontece em sua vida. Esse controle pode chegar a se estender para outras áreas como a de finanças, de estilo de vida, roupas, entre outras.


Como o (a) abusador (a) normalmente controla a pessoa, a sensação de culpa cerca a vítima, e isso é um dos principais elementos para manter a vítima no relacionamento e também que o abusador ou abusadora da situação continue tendo controle sobre ela. Além disso, o sentimento de culpa faz com que a vítima se sinta incapaz de defender as coisas que pensa e diz, em razão das críticas que recebe constantemente.


Ameaças


A ameaça e a maneira de coagir a vítima se mostram constantes em um relacionamento abusivo. Nessa relação, o abusador vai obrigar o outro a fazer aquilo que não quer ou não faria. A ameaça pode ocorrer pela via da agressão física direta, ou por ameaças verbais e sutis.

Poder


Quem é o responsável por tonar o relacionamento abusivo é ciente do poder que tem sobre a outra pessoa. Se é a dependência econômica, as suas ameaças serão focadas nesse ponto. Se for o medo, as agressões físicas serão o foco, e assim por diante. O poder pode humilhar, avergonhar frente às demais pessoas de forma regular.

Indiferença


Geralmente, o (a) agressor (a) costuma ser indiferente em relação a sua individualidade e sendo assim, não dá importância ao que a vítima comenta ou as suas necessidades.


Vale ressaltar que a tendência é que o relacionamento abusivo se torne insuportável e mesmo que algumas pessoas tenham a esperança de que o outro (a) pessoa irá mudar com o passar do tempo, a realidade é outra. Em casos mais severos a vítima pode desenvolver problemas com sua autoestima, depressão, isolamento, fobia, problemas de saúde graves e etc.


Outro detalhe é que muitas pessoas continuam no mesmo ciclo de relacionamento abusivo por causa dos filhos ou filhas que possuem com o cônjuge, mas, essa relação acaba sendo prejudicial para eles também e podem trazer sequelas para o resto da vida.


Como o psicólogo pode intervir nas situações de relacionamento abusivo?


Realizar intervenção em um relacionamento abusivo é um trabalho complicado. Isso porque é muito difícil que a vítima consiga se reconhecer em um. A culpa e o medo são os principais motivos para essa percepção distorcida da realidade. E se o reconhecimento da relação tóxica é difícil, o fato de conseguir se libertar de tal situação torna-se quase impossível.

Por isso, é fundamental que o profissional da psicologia tenha acesso aos detalhes para ajudar as vítimas e assim poder atuar conforme for necessário. Em um relacionamento abusivo, a vítima será assistida para restabelecer o caminho para assim restabelecer a sua autoestima.

Interromper esse ciclo prejudicial de relacionamento faz com que a vítima consiga se libertar das amarras condicionantes de seu estado emocional, podendo reconstruir novamente seus laços sociais e retomar o curso natural. Como um quadro altamente delicado, a ajuda de um psicólogo é essencial para a superação deste trauma.

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Fonte: Psicologo e Terapia

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