Fernando acreditava que o comportamento humano deveria ser analisado em toda a sua complexidade. Nada de enquadrar as pessoas em categorias simplistas. Influências sociais e culturais, dizia, não podiam ser ignoradas.
Esse é o mote da teoria da subjetividade, um dos maiores legados que o psicólogo deixou para a psicologia e outras áreas de conhecimento, no Brasil e no mundo. A psicologia soviética serviu de inspiração para a elaboração do conceito, ao qual se dedicou por mais de 40 anos.
Fernando nasceu em Havana, em Cuba, em 1949, dez anos antes da Revolução Cubana. Formou-se na Universidade de Havana, estudou na extinta União Soviética —onde morou por cerca de quatro anos, entre idas e vindas— e mudou-se para o Brasil em 1995.
Era visto como um homem enérgico e de astral contagiante. E, principalmente, muito dedicado ao trabalho. Escreveu livros, dava aulas na Universidade de Brasília, atendia pacientes em consultório. Nem quando já estava debilitado abriu mão do ofício.
Tinha um carinho grande pelos quatro filhos, que vivem em cantos diferentes do mundo. Um deles, Boris, que vive em Havana, conta que todos os domingos, religiosamente, o pai lhe telefonava para saber como estava.
A grande companheira da vida de Fernando foi a psicóloga Albertina Martínez, com quem se casou em 1983. Dividiam a paixão pelos estudos e pela produção acadêmica.
Quando tinha um tempo livre, o psicólogo gostava de nadar. Percorria 2 km por dia durante a juventude, mas teve que reduzir o ritmo com o avanço da idade.
Morreu em 26 de março, aos 69 anos, em São Paulo, vítima de um câncer de próstata. Deixa a esposa, quatro filhos e sete netos. As cinzas serão levadas para Havana, onde desejava passar os últimos dias de vida.
Fonte de texto: www1.folha.uol.com.br
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