Uma pesquisa do Instituto de Biologia da Unicamp, em Campinas (SP), descobriu uma assinatura molecular – por meio de estudo dos lipídios [gordura] - capaz de predizer qual dos três medicamentos mais usados no tratamento da esquizofrenia funcionará, acelerando o tratamento. Os mais comuns são a Risperidona, a Olanpezina e Quetiapina.
Atualmente, os psiquiatras precisam de quatro a seis semanas para descobrir a eficácia da droga escolhida entre estas três, o que dificulta e prolonga o início do tratamento.
Segundo os pesquisadores do Laboratório de Neuroproteômica da Unicamp, a literatura médica aponta ser de 50% as chances do primeiro remédio escolhido no início não surtir efeito, fora o fato dos efeitos colaterais muitas vezes desestimularem os pacientes.
A esquizofrenia é uma doença diagnosticada clinicamente por um psiquiatra durante uma espécie de entrevista, ou seja, não existe um teste ou exame sanguíneo capaz de identificá-la.
Determinar a droga correta para tratar a esquizofrenia também colabora para evitar o agravamento da doença com os efeitos colaterais e a ineficácia da medicação adotada, caso não seja a ideal.
O estudo pode chegar aos pacientes em, ao menos, dois anos, após passar por testes bioquímicos e regularização por parte das autoridades da saúde.
Tudo começou na Alemanha
A pesquisa da Unicamp para identificar qual das três principais drogas usadas contra a esquizofrenia é mais eficaz durou cerca de oito anos e teve início na Alemanha. No país europeu foi feita a coleta de sangue dos pacientes recém-diagnosticados. Depois, todo o desenvolvimento foi feito na Universidade Estadual de Campinas.
"Os pacientes tiveram a amostra coletada antes de a medicação começar [diagnóstico] e seis semanas depois", comenta o professor Martins-de-Souza.
Na sequência desta etapa, os psiquiatras reavaliaram os pacientes e, por meio do estudo dos lipídios, os pesquisadores conseguiram encontrar as assinaturas moleculares que indicam o melhor caminho entre as três principais drogas usadas na Alemanha e em boa parte do Brasil.
Patente
O grupo de pesquisadores da Unicamp, formado pelo pesquisador Daniel Martins-de-Souza, doutor Adriano Aquino, doutor Guilherme Alexandrino e pela aluna de doutorado Sheila Garcia, patentearam a pesquisa e o estudo deve ser publicado em revista especializada em breve.
O próximo passo da pesquisa e usar essa assinatura molecular em um ensaio bioquímico para levar a descoberta no tratamento dos pacientes. O terceiro passo, segundo o grupo, é tentar desenvolver novos medicamentos com base na assinatura molecular.
Fonte: G1
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