Você sabe o que são autoestima e autoconfiança? Sabe qual a diferença entre elas? É muito comum que haja confusão sobre as particularidades de cada um desses termos, mas há algo em comum entre elas: são bastante importantes no desenvolvimento do indivíduo.
Primeiramente, é necessário deixar claro que ambos os termos referem-se a sentimentos, contudo, diferente do que se pensa normalmente, segundo a Terapia por Contingências de Reforçamento (TCR), sentimentos também são comportamentos e não tem origem dentro do ser, na "mente" ou qualquer outro lugar inacessível ou abstrato. Tanto autoestima quanto autoconfiança são manifestações corporais do indivíduo e se expressam da mesma maneira que os demais sentimentos. Fica mais claro se pensarmos na ansiedade: quando alguém está ansioso, há alterações no organismo, como aumento da frequência cardíaca, sudorese, entre outros. Essas são os chamados comportamentos respondentes, ou seja, são involuntários do organismo. Juntamente com estas manifestações orgânicas, acontecem também os comportamentos operantes, aqueles que são aprendidos, voluntários, como por exemplo, gritar, bater, telefonar, mandar mensagens.
Após esse esclarecimento, entendemos então que os sentimentos de autoestima e autoconfiança, assim como quaisquer outros, são estados corporais desencadeados por eventos ambientais.
Logo, se os sentimentos não surgem dentro do ser, eles dependem do contexto, do ambiente para que sejam desenvolvidos. Aqui percebemos como aquelas frases comuns "você precisa ter força de vontade" ou "melhore já sua autoestima" não fazem muito sentido e não são funcionais para o indivíduo. Os sentimentos não nascem com a criança e podem ser desenvolvidos durante toda a sua vida, sendo produto das contingências de reforçamento.
Mas afinal, qual a diferença entre autoestima e autoconfiança?
Autoestima é produto de contingências de reforçamento positivo de origem social, sou seja, quando uma criança se comporta de maneira específica e seus comportamentos são seguidos de atenção, carinho, ou outras maneiras de reforço social generalizado positivo, sua autoestima é aumentada. Essencial para o desenvolvimento de autoestima é o reconhecimento que os pais expressam ao filho pelos seus comportamentos, é também sentir-se amada pelo outro, independente de seus comportamentos. Os pais não precisam, necessariamente, esperar que os filhos se comportem da maneira desejada, mas sim participar para que esses comportamentos sejam instalados. Portanto, a autoestima é quando os pais tem como prioridade os filhos e não somente o desempenho, o comportamento da criança.
Já a autoconfiança é desenvolvida quando a criança emite um comportamento e produz consequências no ambiente que fortalecem tal comportamento. Este sentimento está associado a desempenho, a comportamentos bem-sucedidos. Para ficar mais claro, pensemos em uma criança tentando aprender a chutar uma bola no gol: se a bola entra, somente o fato de a bola passar no meio das traves reforça positivamente o comportamento de chutar de uma determinada maneira. O comportamento poderia ser reforçado também por alguém elogiando o chute ou batendo palmas para a criança. Para que os pais possam ajudar o filho a desenvolver autoconfiança, é importante que haja liberdade para que as crianças possam emitir seus próprios comportamentos e terem estes consequenciados pelo ambiente. Quando os pais se comportam no lugar dos filhos, não criam condições para o desenvolvimento deste sentimento.
Portanto, os sentimentos não são causas das ações das pessoas e sim manifestações respondentes e operantes do organismo que está inserido em um ambiente. Por serem produtos de contingências de reforçamento, assim como os comportamentos, é necessário que os pais propiciem ambientes adequados para a produção tanto de autoconfiança como autoestima.
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