Como você resolve um problema? Marshall Goldsmith, coach americano de mais de uma centena de presidentes de empresas, diz que há apenas duas formas. Ou você acaba de vez com o problema ou muda sua relação com ele. Reconhecido como um dos mais influentes especialistas em gestão pelo ranking 50 Business Thinkers, da American Management Association, Goldsmith diz que a atitude positiva é a melhor forma de chegar ao sucesso e à felicidade no trabalho e na vida pessoal. O título de seu novo livro, Mojo, é uma expressão que Goldsmith usa para esse espírito positivo, que aumenta a capacidade de lidar com as adversidades. Autor de livros sobre sucessão e liderança, Goldsmith argumenta que identidade e reputação são também cruciais para ter sucesso no trabalho. "As pessoas devem ter claro quem são e o que querem ser e fazer para ser bem-sucedidas"
1. O senhor diz que as pessoas têm duas alternativas diante de um problema: mudar a si mesmo ou a situação. Qual é a melhor?
Depende. Muitas vezes mudar a sua atitude perante a empresa ou perante os tomadores de decisão ajuda muito. Mas mudar a si mesmo não é inerentemente melhor ou mais fácil do que mudar a situação. Agora, uma questão é importante. As pessoas precisam aceitar que quem vai tomar decisões é quem tem o poder para isso. E se uma decisão tomada não pode ser alterada, é preciso aceitar esse fato e procurar outras formas de resolver o problema.
2. Que tipo de atitude deve ter alguém que está desestimulado?
As pessoas devem agir como vendedoras. Ou seja, precisam convencer os outros a fazer algo que lhes favoreça, porque também será bom para eles. É como um vendedor numa loja. Quando ele tenta comercializar uma camisa, não fala para o cliente comprar porque dessa forma ele ganhará uma comissão.
3. Em seu novo livro, o senhor descreve quatro fatores essenciais para ser feliz. E um deles é identidade. O que o senhor quis dizer?
As pessoas têm de saber quem são, o que querem ser e o que querem fazer para ser bem-sucedidas e felizes. Estabelecer os critérios mínimos para a felicidade é a melhor forma de verificar o que realmente importa e tem valor na vida. Uma pessoa bem-sucedida é aquela que ocupa a maior parte do seu tempo com atividades que a deixam feliz.
4. O segundo fator é a reputação. Qual a sua sugestão para que herdeiros construam sua reputação dentro da empresa do pai?
Minha sugestão é trabalhar com a mãe ou o pai e aprender quem são as pessoas-chave na empresa para a sucessão. Feito isso, o primeiro passo é começar uma relação pessoal e sincera com essas pessoas. Assim, o herdeiro construirá a sua reputação ao longo do tempo. No meu livro falo isso: construir uma reputação leva tempo, e para isso é preciso trabalhar com as pessoas-chave no negócio.
5. O senhor também diz que realização e aceitação são dois fatores que impactam o profissional e o pessoal.
Exatamente. Quando falo sobre realização, discuto o que faço pelo trabalho, mas também o que o trabalho faz por mim. Vamos falar novamente sobre o filho sucessor de um grande líder empresarial. É muito importante que essa pessoa tenha motivação para fazer o trabalho, mas é preciso averiguar também se ela se sente recompensada pelo trabalho e se gosta do que faz. Do contrário, a sucessão não vai dar certo. O outro fator é a aceitação. Em muitos casos, o empreendedor é uma pessoa que gosta de controlar a vida e gosta de fazer as coisas acontecerem. Talvez seu filho ou sua filha não tenham esse espírito. O pai precisa entender essa situação sem ficar desapontado, magoado ou bravo. Ele precisa aceitar que as pessoas são diferentes.
6. Normalmente, o pai é mais exigente com o filho do que com os funcionários. Na sua opinião, esse rigor é necessário e eficiente para a construção da reputação do filho na empresa?
A realidade é a seguinte. O pai ou a mãe são incrivelmente bem-sucedidos. E precisam ter certeza de que estão desenvolvendo um bom sucessor. Assumindo que o pai ou a mãe são os donos do negócio, é a decisão deles que vale. Não precisam justificar para ninguém. Mas se eles não têm todas as ações da empresa, a questão é diferente. Precisam explicar muito bem por que seus filhos serão os sucessores. Nesse caso, as expectativas dos pais serão naturalmente maiores, mas eles não devem exigir que o filho ou a filha sejam melhores que qualquer outra pessoa.
7. O sucesso do filho de um empresário bem-sucedido depende mais do jovem ou do comportamento do pai?
Não se pode dizer que depende apenas de um ou de outro. Pessoas bem-sucedidas gostam de vencer e têm a ideia da aposentadoria como algo muito remoto e indesejado. Ou seja, antes de dar espaço para o sucessor e se aposentar, elas precisam encontrar algo a que se dedicar. Por outro lado, é muito difícil para os filhos sucederem pais extremamente bem-sucedidos e ainda manter a própria identidade. Sempre há um envolvimento emocional muito grande. E quando a sucessão ocorre em uma empresa familiar e pequena, a carga emocional é ainda maior.
8. O que o senhor diria para o pai ou a mãe que deseja preparar seu filho para a vida profissional?
Tenha certeza de que seu filho realmente quer implementar aquele projeto de vida. Tenha certeza de que ele não está tomando aquela decisão somente porque está sendo estimulado a isso. A motivação para ser o sucessor do pai ou da mãe tem de partir do próprio filho. O pai tem de desafiá-lo a mostrar que é uma vontade própria, que ele realmente deseja aquilo. E deve compreender que a resposta para esse estímulo pode ser um não.
9. O senhor afirma que o otimismo atrai mais do que o pessimismo. Mas, nas empresas, é muito comum as pessoas não pensarem sempre positivo. Como elas devem se comportar?
Às vezes, as pessoas confundem assertividade com um comportamento no estilo Poliana. Mas é possível ter uma postura muito positiva e ser muito direto ao mesmo tempo. Um exemplo disso é um grande amigo meu, presidente de uma empresa. Apesar de ser sempre muito positivo, ele toma decisões muito difíceis e até polêmicas.
10. O senhor tem um coach que lhe faz algumas perguntas por dia para ajudá-lo a manter-se com esse espírito positivo. Poderia dar um exemplo dessas questões?
No final do dia, a primeira pergunta que você deve responder é quão feliz você foi hoje. As coisas que você fez ao longo do dia fazem sentido para sua vida? É um processo simples e que ajuda a entender de que forma você pode melhorar.
Imagem: Google Images
Fonte: Blog Coach Wanessa