A Análise do Comportamento é uma abordagem da psicologia que tem como objeto de estudo o comportamento humano. Ela pode ser dividida em três subáreas interligadas: (1) o Behaviorismo Radical, uma proposta de filosofia da ciência que fundamenta as noções de conhecimento - sua possibilidade e validade -, objeto de estudo e método de investigação da Análise do Comportamento; (2) a Análise Experimental do Comportamento, o braço empírico ou campo de estudos no qual se testam e se comprovam hipóteses sobre as condições nas quais o comportamento ocorre, utilizando-se de circunstâncias experimentais controladas, em que se manipulam variáveis independentes (mudanças no ambiente) e observam-se os efeitos sobre as variáveis dependentes (mudanças no comportamento); (3) a Análise Aplicada do Comportamento, o campo de intervenção planejada dos analistas do comportamento, incluindo tanto as práticas profissionais mais tradicionais, como intervenção clínica, escolar, organizacional, hospitalar etc, como qualquer outra intervenção que se faça necessária, isto é, onde exista comportamento humano a ser explicado e modificado.
A Análise do Comportamento baseia-se nos fundamentos filosóficos do behaviorismo radical. O behaviorismo radical é uma corrente filosófica criada pelo psicólogo americano B. F. Skinner. Insere-se como uma proposta alternativa dentro do quadro maior do movimento behaviorista do século XX, iniciado em 1913, com a publicação do manifesto "A psicologia Como o Behaviorista a Vê", de John B. Watson.
O behaviorismo (neologismo que significa "comportamentalismo" - do inglês "behavior", comportamento) é uma filosofia da psicologia, isto é, uma proposta de delimitação do objeto de estudo e método pertinentes a toda investigação psicológica. O objeto de estudo do behaviorista é o comportamento. O manifesto de 1913 esclarece a intenção do movimento behaviorista no início do século XX, ao proclamar uma psicologia baseada em procedimentos experimentais puramente objetivos, próprios de uma ciência natural, que sirvam ao propósito de controle do comportamento, o que implica rejeitar o interesse pelos aspectos comportamentais que não estejam em condição de manipulação e observação direta pela comunidade (a exemplo do sentir e pensar).
Em sua versão skinneriana, também chamada "radical" (no sentido etimológico da palavra "raiz", que origina do latim "radix", básico, fundamental), o behaviorismo admite como objeto de estudo, sob a insígnia "comportamento", tudo aquilo que o organismo faz, incluindo pensar, lembrar, imaginar, sentir etc. O "radical" do behaviorismo skinneriano é a busca da raiz de qualquer assunto psicológico, isto é, a identificação das condições que tornam possível a experiência subjetiva, o que implica especificar a relação estabelecida entre as ações do indivíduo e seu meio físico e social.
Embora Skinner tenha iniciado seus estudos experimentais com ratos e pombos, o interesse maior de sua ciência é o comportamento humano e particularmente a linguagem. A esse respeito, escreve duas grandes obras: Ciência e Comportamento Humano (1953) e Comportamento Verbal (1957).
A Análise do Comportamento é, acima de tudo, um programa de pesquisa que propõe estudar cientificamente os fenômenos ditos psicológicos. Com a expressão "cientificamente" procura-se designar uma série de críticas e posições filosóficas assumidas pelo behaviorismo radical, a filosofia dessa ciência. Comentarei brevemente algumas das posições assumidas por Skinner:
Em primeiro lugar, com relação ao dualismo mente-corpo, problema filosófico clássico, o behaviorismo radical posiciona-se pelo monismo fisicalista, isto é, a visão segundo a qual só é possível falar em uma substância: a física. Desta forma, falar em mente separada de corpo só será possível se não houver referência à um dualismo de substância, restando, portanto, uma ciência dos fenômenos psicológicos de caráter naturalista, que não atribui à mente o status de mecanismo ou construto suficiente para explicação das causas do comportamento. Exemplificando, para um behaviorista, uma criança não chora porque está triste (tese mentalista, segundo a qual a origem do comportamento reside nos desejos, sentimentos ou pensamentos do sujeito - ou mesmo no funcionamento do cérebro, numa versão atualizada). Tanto o ato de chorar quanto o sentir-se triste tem sua origem na relação do sujeito com seu meio físico e social, seja ela temporalmente próxima ou distante. Portanto, o behaviorismo radical rejeita a noção, bastante difundida na cultura, de mente como agente iniciador da ação (num sentido causal mecanicista), sem excluir de sua investigação, entretanto, os fenômenos ditos mentais ou psicológicos, tais como pensamentos, emoções, desejos, sonhos, fantasias, uma vez que o que se discute não é sua existência e sim a natureza e o status causal dos mesmos.
O segundo ponto é referente ao significado da verdade. O behaviorismo radical baseia-se no pragmatismo filosófico ao perguntar pelos aspectos práticos que envolvem a adoção de um conceito e estabelecer como objetivo da ciência comportamental a previsão e controle do comportamento. Com a expressão "controle do comportamento", os behavioristas estão a admitir que o comportamento é um evento natural que está em relação interdependente com seu meio físico e social. O comportamento tem uma origem e essa origem está no ambiente. Uma ciência capaz de descrever tais relações de interdependência permite aos homens agir sobre seu meio de forma que terão maior probabilidade de sucesso. Da mesma maneira, operar com sucesso sobre o meio é critério de admissão de um conceito no escopo de uma ciência do comportamento. Em outras palavras, o critério que define a qualidade de um conceito não é a concordância de dois ou mais indivíduos, mas se o cientista que utiliza o conceito pode operar com sucesso sobre seu material. Trata-se de um significado instrumental de verdade: uma ciência do comportamento deve ocupar-se em produzir tecnologia comportamental eficaz.
Um terceiro aspecto filosófico do behaviorismo de Skinner refere-se ao método das ciências. De acordo com o autor, a psicologia como uma ciência do comportamento deve fazer uso de técnicas e instrumentos de investigação que permitam estudar o comportamento experimentalmente, possibilitando a descrição precisa da relação entre a ação do sujeito e o ambiente. Todavia, a especulação e interpretação não são descartadas como possibilidades legítimas de uma ciência. Skinner defende a interpretação - desde que orientada pelos conceitos já comprovados como eficazes na explicação do comportamento - quando não se dispõe de dados que permitam previsão e controle comportamental, isto é, quando as condições não podem ser descritas com precisão ou a história do organismo está fora de alcance. No que se refere à especulação, ela é, no seu entendimento, útil para a concepção de métodos capazes de trazer o objeto sob maior controle do cientista.
Concluindo, pode-se resumir essas três posições filosóficas dizendo que o behaviorismo radical admite sim, como atividade de uma ciência do comportamento, o estudo de fenômenos tais como emoções, pensamentos, fantasias, sonhos, lembranças - denominados então "eventos privados" -, adota um critério instrumental de verdade que respalda sua visão de ciência - cujo objetivo é a previsão e controle comportamental -, e considera a interpretação e a especulação como recursos válidos de uma ciência do comportamento - desde que orientadas por técnicas e conceitos já consagrados pela pesquisa experimental.
Fonte: psicologia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=143:o-que-e-analise-do-comportamento-breve-introducao-giovanni-gaeta&catid=38:textos-livres&Itemid=62" target="_blank">Portal Mosaico psicologia